RELATO DO HOMEM:
"O ano era 2004, eu trabalhava num grande hospital de ponta aqui em São Paulo na equipe técnica de centro cirúrgico. Estava numa relação de amizade-e-sexo que estava tomando proporções de namoro. Ela passava muito tempo no meu apartamento e algumas coisas dela já começavam a acumular. Entre roupas e maquiagens, produtos de higiene, perfumes, cadernos e uma série de outras coisas.
A coisa estava ficando séria, até que um dia eu pedi pra ela ficar um tempo na casa dela que eu tava um pouco enrolado com o trabalho e precisava me concentrar. Desculpa, eu tava com um puta problema pra resolver: uma coceira absurda, uma ardência na cabeça do pau que não passava. Ao encarar o coitadinho, vi que tava todo avermelhado com manchas que pareciam feridas de um sobrevivente de guerra. Aquela filhadaputa tinha me passado alguma coisa!
Na outra manhã cheguei cedo ao hospital, sabia que um urologista que eu tinha intimidade estaria no centro cirúrgico cedo. A ironia do nome, um urologista chamado "Dr. Longo". Ele se chamava Antônio, mas usava o sobrenome, acho que gostava da ironia. Excelente médico, e gente boa demais. Ele disse pra eu passar no consultório dele de tarde e eu fui. Até esse momento eu achava que tava com crista de galo.
Tirei a roupa e deitei, ele perguntou o problema e eu mostrei. Ele fez uma cara séria, disse que eu tava com alguma DST mas ia verificar. Colocou luvas, segurou, virou do avesso com a delicadeza de um rinoceronte. A tranquilidade dele virou curiosidade, pegou uma câmera, tirou uma foto e foi olhar no computador. "Cara, parece que você esfregou seu pau no asfalto, isso não parece ser infecção não". Não sabia o que poderia ser, de qualquer maneira fiz exames de sangue e testes de alergia. Nenhuma alergia, nenhuma infecção.
E o problema continuava. Achando ser alguma infecção, passei a tratar o coitado com carinho acima do normal, metade do banho era dedicado a ele e checava várias vezes ao dia a evolução. Cada vez mais machucado. Nessa altura meu pré-namoro já tinha terminado, mas as coisas da moça estavam em casa ainda.
O Dr. Longo perguntou sobre os produtos de higiene e de limpeza que eu usava, disse que usava o mesmo sabonete há muito tempo, não sabia o que era. Duas semanas se passaram e eu cada dia mais preocupado, até que o sabonete acabou. Era uma barra de sabonete que a mocinha tinha deixado no banheiro. Os meus tinham acabado, mas haviam mais duas caixinhas no armário e eu peguei.
Ao ler a embalagem, descobri duas coisas.
1° - homem nenhum acredita que produto esfoliante esfolia de verdade, parece um sabonete comum e mais caro pra enganar a mulherada;
2° - sabonete esfoliante da Dove esfolia pra caralho (ou "até o caralho").
Meninas, nunca deixem seus produtos espalhados pelo banheiro,o que parecer sabonete eu uso. Já teve uma circunstância que eu lavei meu cabelo com o Dermacid da irmã dum colega de apartamento, mas não tive problemas (o pessoal zoava dizendo que meu cabelo ia ficar pixaim). Agora esfolar a cabeça do pau com Dove esfoliante, já é demais.
Avisei o Dr. Longo, ele riu, uns colegas passaram a notícia pra equipe do centro cirúrgico inteira e as enfermeiras diziam pra eu ver pelo lado bom, que depois de alguns dias polindo ele ficaria liso como espelho na ponta. Nunca mais usei Dove.
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